Benê Ricardo e a sua importância para a gastronomia brasileira

Rica, a gastronomia brasileira possui uma enorme variedade e sua origem remonta à miscigenação do nosso povo. Como o país é vasto, cada região tem suas culturas e pratos típicos. Por conta disso, a nossa culinária é considerada uma das mais diversificadas do mundo. Quem ajuda a gastronomia ser admirada por tantas pessoas são os profissionais que colocam o seu amor, o seu cuidado e a sua arte em prol da produção de receitas saborosas para todos os gostos. Valorizar esses profissionais é engrandecer a cultura gastronômica do país. E, hoje, você vai conhecer a história de uma mulher negra que se tornou a primeira chef de cozinha do Brasil. Benedita Ricardo de Oliveira, mais conhecida como Benê Ricardo, nasceu em 1944, em Ouro Fino, Minas Gerais. Órfã aos 14 anos, Benê foi adotada por uma família da cidade. Em troca de moradia e refeições, era responsável pelo trabalho doméstico da casa. Após três anos sofrendo maus tratos, foi trabalhar no lar de uma família alemã em São Paulo. Em 1978, quando ainda era empregada doméstica, Benedita participou de um concurso de receitas da Revista Cláudia, a maior publicação feminina do Brasil, e foi a grande vencedora. O prêmio rendeu um trabalho na cozinha experimental da Editora Abril e a oportunidade de preparar suas iguarias para grandes empresários paulistanos. A vida de Benê mudou quando ela preparou um jantar alemão para pessoas importantes da época. Entre os convidados, estavam o então presidente do Brasil Ernesto Geisel e o presidente da Federação do Comércio José Papa Júnior. Os convidados se encantaram com o sabor e a qualidade dos pratos, e fizeram questão de conhecer a cozinheira. A partir desse momento, Benedita Ricardo, aos 38 anos, conquistou uma bolsa de estudo para fazer o curso de 1° Cozinheiro, em 1981. A turma era liderada por homens, e Benê foi a primeira mulher a se formar em um curso profissionalizante na área. Durante os estudos, Benedita morou em uma pensão. Para garantir a estadia, nos finais de semana, era responsável pela limpeza e refeições do local. Com o passar dos anos, Benê tornou-se professora de gastronomia e ensinou em várias universidades. Em sua trajetória, chefiou dois grandes restaurantes em São Paulo, abriu um próprio negócio, ganhou diversos prêmios e participou de programas de TV. Benedita faleceu no dia 31 de março de 2018, aos 74 anos, vítima de um câncer no pâncreas. Benedita Ricardo foi um grande exemplo na gastronomia brasileira. Mulher e negra, enfrentou preconceitos e o machismo da época para ir atrás do seu sonho. A sua história traz representatividade, inspiração e força para aqueles que buscam o seu lugar na área profissional. Hoje, 20 de novembro, comemoramos o Dia da Consciência Negra. A data, portanto, nos sugere reflexão sobre a situação do negro no País e como as políticas públicas podem integrar essa população em todas as esferas da sociedade.  Mas, sobretudo, é o momento oportuno para homenagear uma grande guerreira e exemplo de mulher, negra e cozinheira! Salve Benê Ricardo!